29 maio, 2011

Alone.

Rafaela acordou seus olhos mal conseguiam abrir. Ela tinha sono, mas precisamente cansaço emocional. A única coisa que conseguia pensar era dormir, mas os fantasmas do presente lhe atormentavam. Ou, a essa altura, já seriam do passado? Como sempre, ainda que rodeada de gente, Rafaela se sentia sozinha. Sempre fora só e isso não haveria de mudar. Ela voltou a concordar com essa afirmação. Incrível com entre quinze pessoas você se sente só, pensou. Incrivelmente deprimente. Fechou os olhos, mas tinha muitos pensamentos em sua mente. Levantou-se, pegou um cigarro e pôs-se a passear enquanto pensava e lembrava...
Rafaela cresceu rodeada de homens vizinhos
, primos, colegas de colégios. Eram tantos. E mulheres escassas. Primas, amigas? Não se recorda. Existiram? Fizeram-se importantes para ela? Não sabe. Mas claro que existiram, porém pouquíssimas dignas de serem lembradas. Rafaela gostaria de ter tido um relacionamento melhor com seu pai desde pequena. Não conseguira nas vezes que tentou e então passara a achar tudo e qualquer coisa advinda dele medíocre e não digna de respeito; ficou fria, chata e crítica demasiadamente.
Rafaela é insegura. Não é feia, pelo contrario, possui harmoniosos traços
portenhos e porte atlético. Possui uma inteligência rara e uma sensibilidade para entender pessoas, ainda que se ache medíocre ao tentar aconselhar e consolar. Sim, para Rafaela, o mundo é medíocre; e não só o mundo, mas ela própria.
Ela gostaria de ser melhor (e quem não gostaria?
Gostaria de ser mais astuta mais esperta. Ter mais iniciativa. Gostaria de ser tudo o que não é) e o que é também porque costuma se inferiozar, mediocrizar. Talvez, esperando receber elogios reconfortantes e abraços amigos.
Mas, acima de tudo. Mas acima de tudo, gostaria de ser mais amada. Ela sempre fora sozinha, e amor não rima com solidão.
Rafaela sempre busca agradar os outros (porém, agrada a poucos) Não sabe por quê. Rafaela se acha medíocre por isso - mas quando ela não se acha medíocre?

Rafaela gostaria de ser mais corajosa. Rafaela gostaria de conseguir falar tudo que quer e se fazer ser ouvido e entendido.
Mas Rafaela vai se acostumar, sempre fora sozinha. E em meio a todos esses pensamentos, Rafaela fechou os olhos, a brisa fria bateu nos seus cabelos. Seus cabelos que já foram mais bonitos, e que ela sentia orgulho em exibido, hoje ela prefere ele preso, não tem para que todos virem o estado que ele está. Sentou-se, ali, Adormeceu. Em meio a tantos pensamentos turbulentos, adormeceu. Mas agora tinha tomado uma resolução: sempre fora sozinho. Antes porque não tinha outro jeito; agora, por opção. E ela decidira que não ia depender de quem não quer depender dela. Sim, Rafaela sempre fora sozinha, mas o que isso tem de ruim afinal?

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