31 março, 2011

A foto

Pela manhã se levanta, vê que tem café frio em cima da mesa que está desarrumada. Acima da mesa também está um pouco de açúcar derramado ao lado do açucareiro. Olhando para sala, que também estava desarrumada vi a revista que você deixou jogada no chão da sala. O jornal que eu pretendia ler após o café da manhã o vento desarrumou. Por falar no vento, ele é uma das únicas coisas que parecem vivas nessa casa.
Agora eu prefiro deixar as janelas fechadas. Agora a casa perdeu o seu cheiro habitual, que quando você vinha trazia, e ele ficava vivo aqui durante dias isso me confortava. Deixava a casa mais bonita animada e cheirosa. E para lhe ser sincera, há um tempo a casa não sabe o que são esses adjetivos que eu citei logo antes. Ela não sabe mais o que é ter felicidade.
Talvez fique triste ao saber, que nem sua foto eu tenho mais. Lembra aquela foto que ficava guardada em meu quarto? Acho que você ficaria triste em saber que eu a joguei fora, na revolta isso aconteceu. O porta retratos quebrou-se, jogando sua foto para longe, e por algum motivo vendo aqueles cacos me identifico com sua foto.

28 março, 2011

Charada

Bem, não sei se um dia eu já lhe disse, mas de fato eu gosto de brincar de enigmas. Comunicar-me por eles também é interessante, então lá vai esse é especialmente para você:
O que é, o que é? Que mentiu na hora mais imprópria possível, que não teve capacidade de contar a verdade, que ainda não amadureceu o bastante para entender que tudo na vida muda que não vai ser sempre como nós queremos, e que não vai ter sempre um amorzinho esperando?
Te dou um doce se acertar
.

25 março, 2011

Casa

Eu estava andando por uma longa estrada. Ainda que deitada em minha cama, apenas olhando para o teto, estava mesmo caminhando. À minha frente vejo se aproximarem as opções. Duas pessoas vem chegando, as lágrimas vão caindo. Cada dia mais perto de decidir o que eu acho que é melhor para mim, ou pelo menos o que eu acho que tenho. E atrás de mim? Um monte de nada, algum lixo alguns momentos bons (que são os mais raros). Mas o melhor de tudo, é que finalmente eu superei algumas coisas que eu achei que seriam insuperáveis. Uma daquelas crises fúteis, que como muitos diriam essas crises que toda menina tem. Paro para pensar em minha vida, olho tudo o que se passou em meu mundo nesse ultimo mês, e vi que se passaram mais coisas ruins do que boa posso confessar-lhe. Eu admiro a noite quieta e silenciosa na rua (e de certa forma, eu paro para me admirar também). E finalmente para, e ouço a voz de Nando Reis em meu som.

22 março, 2011

Veleiro

Sempre vi em filmes o quão românticas são as cenas de casais em barcos, em um fim de tarde. E isso sempre me chamou atenção. E decidi que estava na hora de escrever algo desse tipo.
O vento não chegava naquela tarde. E quando vinha, era incapaz de mover as velas que nos levariam adiante. Estávamos lá, parados olhando como os tons do céu já começavam a mudar de cor rapidamente. Era um dia comum, e nós dois estávamos parados. Do jeito que você e eu bem sabemos qual era. Nada de mais acontecia, só sentíamos o clima ainda meio pesado, um clima de despedida pode-se dizer. O dia estava lindo lembra? Era o nosso ultimo dia no navio depois de três meses rumo a terras desconhecidas para ambas as partes. Até pararmos, e ficarmos olhando o mar juntos, de mãos dadas e depois disso, aquela conversa de olhares, nunca havia percebido o quão castanhos eram seus olhos, que na verdade já havia reparado, mas não com tanta intensidade como nesta tarde. No começo da tarde paraste ao meu lado no convés, olhando o mar, naquele dia que estava quente. Olhei para o lado e via quanto a cor dos seus cabelos ficavam bonitas naqueles tons de laranja, rosa e verde, e no sol baixo do fim de tarde e como sua camisa combinava perfeitamente com a cor de sua pele. Na primeira vez que te vi, pensei que você era mais um João que eu havia conhecido que estava no mesmo barco que eu, até então. Até aquele momento, pelo menos. Nada havia sido tão intenso quando aquele nosso primeiro olhar, no fundo dos teus olhos castanhos. Acompanhado do seu semi-sorriso. Falamos pouco, e nos afastamos. Lembro de todos os momentos com os detalhes mais inúteis (pelo menos foi o que algumas pessoas disseram quando eu contei). Nós estivemos muito próximos. Senti seu cheiro, seu cheiro que é inconfundível. Você sentiu o meu. Nós ficamos próximos e ainda mais próximos. Naquele momento eu te queria para sempre. Os ventos voltaram a soprar e meus cabelos castanhos moviam-se com uma leveza esplendida, enquanto nossos olhares se cruzaram mais uma vez. Eu ainda olhava para você, e você para mim. Quiseste dizer algo, mas tua boca, ainda que aberta, não ousou pronunciar sequer uma palavra. Eu saí com o vento nas costas rumo a minha cabine, antes de desaparecer de vez de sua vista dei uma ultima olhada para trás e vi que seus cabelos também se moviam, dei um sorriso e neste momento eu queria correr para os seus braços. Talvez nos vejamos novamente. Talvez não. Talvez sejamos uma boa lembrança. Quem sabe um dia tu se lembra de mim e me procura? Ou talvez por algum motivo me queiras longe? Ninguém sabe. Acho que nem mesmo você sabe. Mas sei que ao despertar do próximo dia, você poderá estar longe. E desejar que ainda haja na tua vida, espaço para uma mulher de um dia sem vento. Um dia em que paraste para contemplar a vida. E espero que um dia esse vento volte, e me
traga você de volta.

Surto

O romantismo hoje está dentro de mim. Sinto-me romântica, assim me sinto. Só e somente assim. Sim, eu de fato queria que mais alguém se sentisse assim hoje. Sinto-me com vontade de correr pela rua gritando o quão bom é estar ao seu lado. Sinto vontade de presentear-te. Sinto vontade de receber flores e chocolate pela manhã e ouvir um ‘eu te amo’ um simples, eu te amo me deixaria satisfeita. Queria murmurar em teu ouvido os meus mais profundos sentimentos. Consegui pensar por um momento, que tudo era infinito. Consegui pensar que o tempo congelaria. Talvez até quem saiba hoje, pensar no eterno, e considerar a imortalidade. Quero ser sua anja, ou talvez se melhor pensasse sua poetisa. Mas também parar para pensar que o mundo não é só flores e ser bruta, lasciva.
Neste momento queria ser mais que eu, seria eu contigo e você em mim. Quero olhar para trás e conversar banalidades, quem sabe até mesmo contar as peripécias de infância. Conversas silenciosas. Por um momento pensar que com você o melhor dialogo é o do olhar. Ah, os grandes diálogos de olhar esse de fato me animam de uma forma inexplicável. E depois, tudo ficaria mais fácil o diálogo de toques, pensamentos, cheiros e sensações. Pode ser sentada no sofá de minha casa ou no de qualquer lugar, no chão ou até mesmo na poltrona do cinema. Posso declarar-me na esquina de uma rua qualquer, queria ser mais. Quero apenas ser dois. Só, sou apenas meio. Quero de qualquer forma ganhar-te, até mesmo perdendo-me para ti.
Provavelmente amanhã eu não pensarei do mesmo modo que hoje, e queira as mesmas coisas. Talvez eu olhe amanhã, ou daqui a um mês e ria da minha inocência, da minha ingenuidade. O importante é não dar muito atenção as minhas inconstâncias, as minhas idas e vindas. Para ser sincera em grande parte das vezes nem eu mesma dou. Se eu me conhecesse, viveria sem me analisar. O que eu sou depende muito de como estou. Caso me perguntassem hoje, eu diria
romântica.

14 março, 2011

Untitled II

Para uma pessoa escrever não precisa ter um motivo certo, simplesmente da uma vontade de passar tudo para o papel (ou para o computador, tanto faz) histórias que já ocorreram realmente ou simplesmente você um dia acordou com uma vontade imensa de passá-las para outras pessoas lerem. E foi isso que aconteceu depois de ter um final de semana meio conturbado, com vários sonhos estranhos no domingo, eu tive que um sonho que me deixou confusa (não que o da sexta e do sábado não tivessem feito isso, fizeram, principalmente o do sábado) que quando abri os olhos tive vontade de correr para o computador e escrevê-lo para que outras pessoas o lessem. Mas, não o fiz. E bem que pretendia fazer agora, exagerar, aumentar um pouco como ele foi, mas ao mesmo tempo sinto que não devo fazer isso. E deve sim escrevê-lo, mas só para mim. Para quando a situação inteira passar eu rir e refletir se eu tenho a mesma opinião que tenho hoje, mas isso são histórias para ficar em meu caderno. Aquele que só ficam meus pensamentos, que eu tenho toda preguiça de escrever aqui e todo cuidado na hora de guardar. Boa noite, outro dia nesse mês eu volto.

13 março, 2011

mardi gras memories

Ela tirou um tempo para lembrar, de seu carnaval. Que quase ficou sem pernas, e sua voz já não estava das melhores no final das contas. Lembrou-se que na manhã da terça-feira pensou que quando chegasse a casa tomaria banho, e desmaiaria na cama queria acordar apenas no final da tarde da quarta-feira de cinzas. E isso séria lógico, afinal passou 5 dias e suas pernas estavam acabadas. Aconteceu o banho normalmente, e ela chegou a se deitar na cama ficou virando de um lado para o outro sem conseguir dormir, apesar de todo o cansaço.
Normalmente isso acontece quando ocorrem coisas ruins, quando ela está aperreada (bem, pensei em botar a palavra aflita, mas acho que não seria tão adequado assim) ela não dormia. Ela não dormia, mas também não queria se levantar ou sentar para ler. Queria apenas ficar lá, deitada, olhando para o teto do quarto que nem era seu. Essa situação não era nada cansativa, pelo contrario era mais do que relaxante. E era o que ela queria fazer, relaxar tentar esquecer-se de tudo que havia ocorrido e havia a deixado naquele estado. Mas nem assim, com a mente querendo voar, e os seus olhos se fechando algumas vezes e ela vendo aqueles losangos voando em sua frente ela não conseguiu dormir. Depois de muito, ela pegou no sono.
Acordou com a sensação de que iria acontecer algo que não seria tão agradável para ela. E realmente foi apenas questão de tempo. Aquela sensação da noite anterior estava dentro dela novamente. Uma agonia a perseguia... Escutou muitas músicas de Lenine, principalmente a música paciência. Foi isso que a fez perceber que a pesar de toda a felicidade e os momentos bons de seu carnaval, algo havia saído muito errado e ouvir algumas músicas de Lenine e Los Hermanos a mostraram isso. De fato, algo pode ter sido bom para ela e ruim para algumas outras pessoas, a inocência dela de acreditar que todos são maduros para entender algumas situações e confiar em
algumas outras pessoas de certo não é o mais certo.